terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Afinal, os imigrantes bessarabianos do Brasil são russos, romenos ou búlgaros?

Entenda o que foi a província chamada "Bessarábia"



Nesse número da revista Raízes - da Fundação Pro Memória de São Caetano, foi publicado um artigo sobre a saga dos imigrantes Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos. Para acessá-lo, clique no link abaixo ou compareça pessoalmente à sede da Fundação para retirar o seu exemplar. 

Av. Augusto de Toledo, 255 - Santa Paula - CEP - 09541-520 - São Caetano do Sul - SP 

http://www.fpm.org.br/Publicacoes/PDF/125


Abaixo transcrevemos o artigo publicado.

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AFINAL, OS IMIGRANTES BESSARABIANOS DO BRASIL, SÃO RUSSOS, RUMENOS OU BÚLGAROS?

ENTENDA O QUE FOI A PROVÍNCIA CHAMADA BESSARÁBIA.

Dr. Jorge Cocicov

Sonia Dimov

Roseli Stainoff

 

Compreender a região de origem dos imigrantes Búlgaros e Gagauzos Bessarabianos, implica conhecer um pouco da história dessa região denominada Bessarábia, sujeita a guerras, ocupações e invasões. Destaque-se que a Bessarábia não existe mais, pois, hoje, o território faz parte dos países Ucrânia e Moldávia.

No mapa da Rússia, antigamente constava uma região que se chamava Bessarábia e depois, devido a inúmeras disputas políticas, devidamente explicadas no decorrer do texto, foi dividida em duas partes, uma tornou-se o atual sul da Ucrânia e a outra a Moldávia.

Hoje, se formos procurar o termo Bessarábia, praticamente vamos encontrar somente a sua história. Sabendo-se, conforme nos ensina Neide Praça (2016, p. 41), que, outrora, ela correspondia à metade oriental do Principado da Moldávia (1359-1859).

Com o colapso da União Soviética, em 1991, a República Socialista Soviética da Moldávia tornou-se território independente, sob o nome de república da Moldávia, limitando-se a oeste com a Romênia e, ao norte, leste e ao sul fazendo fronteira com a Ucrânia.

A República da Moldávia mantém duas regiões independentes – a Transnístria e a Gagaúzia.

 A BULGÁRIA E A PRIMEIRA MIGRAÇÃO

A Bulgária manteve-se sob a autoridade romana de Constantinopla, Império Bizantino, entre 1018 e 1185, quando se torna independente.

Em 1393 é dominada pelo Império Otomano, que, por 500 anos, tenta aniquilar sua cultura, religião e costumes, tornando a vida da população intolerável pelo medo constante, pela falta de liberdade civil e religiosa, com impostos insuportáveis. Um deles, o mais cruel, chamado “Imposto de Sangue”, consistia em meninos adolescentes que eram tirados de suas famílias e levados para a Turquia para serem forçados a se converterem ao islamismo e treinados como soldados muçulmanos ainda mais cruéis que os próprios turcos. Em consequência dessas atrocidades, iniciou-se uma diáspora, com fuga da opressão para garantir a preservação de sua identidade.

A AÇÃO RUSSA

Entre 1765 e 1796, a Imperatriz russa Catarina, A Grande, iniciou ofensivas contra o Império Otomano, culminando no ataque final do Imperador Alexandre, O Grande, em 3 de março de 1878. A Bulgária teve então o apoio necessário para conquistar sua liberdade que, efetivamente, só ocorreu em 1908.

Há relatos de que 400.000 indivíduos saíram da Bulgária em êxodo entre os anos de 1806 e 1812, buscando refúgio tanto em territórios russos como no Principado de Walákia, (na antiga Moldávia) e depois na Bessarábia (província russa), em consequência da guerra russo-turca. Os gagaúzos, que viviam na Búlgária, utilizavam o alfabeto cirílico, mas mantinham cultura, costumes, tradições e idioma próprios e foram perseguidos por professarem a fé cristã. No momento da fuga, acompanharam os búlgaros e buscaram refúgio na Bessarábia e em outras regiões de domínio russo. A partir de relatos dos refugiados, acredita-se que havia um interesse do Império Russo de povoar a região da Bessarábia, visando impedir o acesso dos turcos ao Mar Negro. A Rússia colaborou para a criação de novas aldeias búlgaras em seu território ao oferecer suporte financeiro e doar terras para o plantio familiar. Cada família recebia 65 hectares. Assim, a Bessarábia foi povoada por refugiados das mais variadas etnias e nacionalidades, dentre moldavos, judeus, ucranianos, russos, búlgaros, gagaúzos, alemães, ciganos, romenos, cossacos, poloneses, armênios, gregos e outras nacionalidades. Como refugiados na Bessarábia, os búlgaros e gagaúzos fundaram aproximadamente 64 aldeias, as mais conhecidas são Conrat, Bolgrad e Tabac.

 

 

A SEGUNDA MIGRAÇÃO BÚLGARA.

 A segunda migração maciça de búlgaros para a Bessarábia e Criméia ocorreu entre os anos de 1828 e 1830. Segundo Stefan Doinov, um dos líderes daquele êxodo, aproximadamente 140 mil pessoas deixaram a Bulgária rumo ao sul da Bessarábia, dando origem aos povoados e aldeias conhecidas como Iserlia, Glavan, Gulmen, Cuparani, Vaisal, Tvarditza, Hasan-Batâr e muitas outras. Estabelecidos na Bessarábia, puderam conviver e experimentar outras línguas e culinária de outros povos, um intercâmbio cultural. Ainda que vivessem sob forte influência de outras culturas, idiomas, usos e costumes, os búlgaros se esforçavam para perpetuar a memória de sua terra de origem e nunca se esqueceram de suas características e de seus costumes. Até 1856, a Bessarábia ficou sob o domínio do Império Russo, quando o Czar Alexandre II, sucessor de Nicolau I, cedeu seu território ao Principado da Moldávia, tirando da Rússia o controle sobre a foz do Rio Danúbio e o Tratado de Paz assinado em Paris desmilitarizou o Mar Negro e o declarou região neutra, autorizando a navegação apenas de navios mercantes. Em 1861, proclama-se a união entre os Principados da Waláquia e da Moldávia (a qual pertencia à Bessarábia), oficializando os “Principados Unidos da Romênia” e/ou” Reino da Romênia”, porém, em 1878, a Rússia reanexou a Bessarábia, que passou a fazer parte do Império Russo até 1917.

Em 1918, a Romênia invadiu a Bessarábia, subjugando-a e promovendo a “romenização” de seus habitantes, em consequência do desgaste russo com a Primeira Guerra Mundial e as demandas internas da sua própria revolução.

Os romenos impuseram o seu idioma e por isso eram obrigados a falar tal idioma, além da pobreza aumentar cada vez mais. Embora a terra ainda fosse deles, o que plantavam e colhiam fugia-lhes, para as mãos dos romenos. A vida tornava-se cada vez mais precária e o governo da Romênia cada vez mais cruel em relação aos estrangeiros. Os búlgaros estavam cansados de ser convocados pelos exércitos governantes, para guerrear em favor de causas que não lhes diziam respeito. Muitos jovens haviam morrido ao serem convocados, também ao tempo do domínio da Rússia, na Primeira Grande Guerra Mundial.

 

IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL

Sabendo da situação difícil da população da Europa Oriental, principalmente da região compreendida pelos Balcãs nas décadas de 1920 e 1930, o Brasil reativou as ações de incentivo à imigração de europeus para trabalhar nas lavouras de café e derrubada de florestas no interior do Estado de São Paulo. Na divulgação desse incentivo, era valorizado o clima agradável do Brasil, a oferta de moradias gratuitas e terras férteis e, ainda, passagens gratuitas.

Os búlgaros e gagaúzos resistiam à “romenização” e à perda de suas identidades como povo. Em virtude disso, o governo romeno facilitou a saída deles para o Brasil, promovendo, praticamente assim, uma limpeza étnica.

Poderiam, somente, emigrar famílias inteiras, dentre as quais deveria haver um filho homem, solteiro com idade entre 10 e 14 anos. Outra regra de que se tem registro é a necessidade de que os emigrantes deveriam falar pelo menos duas línguas, para impedir que o romeno emigrasse. A maioria dos habitantes da Bessarábia era originária de outros povos ou países, consequentemente, falava no mínimo três línguas: a sua, o russo e por último o romeno.

Nos anos de 1925 e 1926, foi registrado um grande número de emigrantes de origem búlgara e gagaúza para o Brasil vindos da Bessarábia, 10.000 aproximadamente. Saíam da Bessarábia com destino a Bucareste para regularizar os documentos. Em seguida, encaminhavam-se para os portos correspondentes às suas passagens: Viena, Bremen, Gênova ou Hamburgo.

As viagens duravam aproximadamente 22 dias e não eram nada confortáveis, e o que os marcou pelo resto de suas vidas foi o fato de que seus passaportes foram emitidos pelo Reino da Romênia e por esse motivo, eram, erradamente, considerados “Romenos”, nacionalidade que eles nunca tiveram.

 

 A CHEGADA AO BRASIL

Há relatos de imigrantes sobre os inúmeros problemas de comunicação que encontraram ao chegarem ao Brasil. A maioria deles era analfabeta ou era alfabetizada no alfabeto cirílico e, no momento de registro de seus documentos na recepção da imigração, não eram entendidos. Isso gerou a emissão de muitos documentos com nomes errados.

Todos sentiram-se decepcionados e enganados pelo governo brasileiro, pois aos que manifestavam intenção de migrar era dito que receberiam terras para cultivar e que iriam para a América. Eles acreditavam que era para os EUA que estavam indo e ao chegar aqui, surpreendiam-se pelo fato de que aqui não era os EUA e trabalhariam como empregados, com um salário muito baixo e ainda teriam que pagar as suas despesas ao patrão. Foi um golpe muito grande para eles que, além disso, não tinham dinheiro para voltar à Europa, pois a viagem havia sido paga pelo governo. Se quisessem voltar, deveriam voltar com os próprios recursos. Sendo assim, pouco a pouco, foram saindo das fazendas e tentando uma forma mais digna de viver, dirigindo-se às cidades e procurando se empregar em trabalhos que já tinham habilidade, tais como, operários na indústria, comércio, carpintaria, serralheria, ferraria, construção, alfaiataria e as mulheres nas indústrias de tecido como tecelãs, costureiras, ou confeccionando botões e aviamentos em geral.

 

HISTÓRICO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL DO POVO BÚLGARO NO BRASIL

           

 

Passados trinta anos da chegada dos búlgaros bessarabianos no Brasil, após várias tentativas de agregação e organização, no ano de 1956, se concretizou um sonho dos imigrantes criando a   SOCIEDADE CULTURAL BÚLGARA BESSARABIANA.

Seu objetivo era o de união entre suas famílias, preservar as tradições e os costumes, promover festas típicas, convescotes, fazer palestras sobre a história e a cultura búlgara e comemorações de datas históricas, tudo com a finalidade de difundir a cultura da origem familiar e nela iniciar seus descendentes brasileiros, voltados, dessa forma, para a parte cultural e recreativa, cuja gestão deveria ser entregue aos filhos brasileiros para atender à exigência legal.

            Os pais dessa ideia foram os patrícios PEDRO CURALOV, PEDRO GAIDARGI, GEREMIAS DELIZOICOV, JOÃO DELIJAICOV, FELIPE IALAMOV e ZACHARIA CUSTADIN que programaram, um pic-nic, na Represa de Guarapiranga, com a finalidade de reunir as famílias, para o lançamento da ideia da fundação da entidade corporativa.

            A convocação foi um sucesso pois compareceram perto de trezentas pessoas.

de vários bairros da Capital e de alguns municípios limítrofes, tais como São Caetano, Santo André e São Bernardo do Campo.

Exposta a ideia da fundação da Sociedade e de seus objetivos, circulou um Livro de Ouro, a fim de angariar fundos, a receptividade à ideia foi unânime.                     

            O Estatuto foi elaborado e dentro dos ditames legais, a diretoria foi eleita, por aclamação de todos os presentes na reunião convocada, ainda no mesmo ano de 1 956, tendo o seu primeiro presidente na pessoa do brasileiro e advogado Dr. Jorge Argachoff.

A circunstância de congregar estrangeiros, em particular de um país do leste europeu, cuja política, naquela época, tinha seu esteio no regime comunista, foi o grande obstáculo para sua legalização.

O Dr. Jorge Argachoff, constantemente, era intimado para comparecer à Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS), era recebido pelo seu Diretor, Dr. Ítalo Ferrigno e submetido a um verdadeiro interrogatório policialesco, para explicar o porquê da fundação da sociedade e verdadeiramente, qual seria o objetivo que se ocultava no sugestivo nome a entremostrar uma finalidade recreativa e cultural, pois o registro civil do Estatuto dependia de uma autorização policial.

Criou-se, dessa forma, um impasse, momento em que os imigrantes deliberaram pela desistência de dar seguimento à fundação oficial e regulamentar da sociedade e devolvidos foram todos os donativos arrecadados.

Os imigrantes búlgaros bessarabianos, porém, eram unidos, tanto que, apesar de não estarem agrupados em uma associação oficial, organizaram, em 1957, uma recepção à Delegação de Futebol, da Bulgária, que viera ao Brasil, durante os preparativos para a Copa do Mundo, prevista para 1958.

No decênio de 1980/1990, os imigrantes conservaram suas amizades e renovavam o convívio em reuniões e festas organizadas pelo casal Constantino Terzi e Vera Cherov Terzi e que aconteciam no salão paroquial da Igreja São José de Vila Zelina, inclusive com festiva comemoração do cinquentenário da imigração no Brasil, organizada, em 1976, por uma comissão composta por Pedro Terzi , Estefania Terzi, Pedro Curalov, Pedro Stoianov e outros.

Passados setenta anos da imigração ocorrida, em 1926, Júlio Dimov, outro imigrante idealista, juntamente com sua filha, a professora Sônia Dimov, cuja família era moradora há decênios, em São Caetano do Sul-SP, conseguiram realizar a comemoração da passagem desse aniversário.

            Eles contaram com o estímulo da Diretora Técnica Midori Kimura Figuti, do Museu da Imigração de São Paulo e realizaram, de 16 a 31 de maio de 1996, a Exposição Histórico-Fotográfica da Imigração Búlgara no Brasil, mais propriamente, Búlgara Bessarabiana, naquele mesmo prédio, onde haviam sido recepcionados e alojados ao desembarcarem, de trem, pela primeira vez, vindos dos portos Santos-SP e do Rio de Janeiro-RJ.

Foi amealhado um acervo de oitenta fotos, documentos, objetos artesanais, religiosos e de uso pessoal e a exposição foi enriquecida com dois painéis do artista plástico Antônio Peticov, descendente e dos depoimentos de vários imigrantes editados em vídeo.

Painéis foram montados relatando a história e a origem dessa imigração no Brasil que fora antecedida por outra, quando as famílias moravam na Bulgária, a fim de que emigrassem para a Bessarábia, no fim do século XVIII e início do seguinte, a convite do Czar da Rússia. A esse convite aderiram, não só os búlgaros, mas também diversas populações, como de judeus, russos, alemães e gagaúzos. Rememorou-se que que os búlgaros se fixaram na região da Bessarábia, por diversas afinidades com os russos, entre elas a linguística (usam o mesmo alfabeto, o cirílico) e a religiosa (praticam o cristianismo ortodoxo) e por isso não perderam suas tradições.

Diversos preparativos foram coidealizados e concretizados para essa efeméride e uma delas, que desponta como documentário precioso, foi a colheita de depoimentos orais, prestados pelos imigrantes.

O Setor de História Oral, do mesmo museu, captou uma série desses depoimentos, sob orientação da pesquisadora Sônia Maria de Freitas, em entrevistas com os imigrantes búlgaros bessarabianos:  Maria Verchev Rascov, Ana Dimov, Vera Cherov Terzi, Constantino Terzi, Júlio Dimov, Demétrio Coev, Constantino Curalov e André Peticov.

Fruto imediato dessa comemoração foi a criação de uma entidade corporativa, mais uma vez sob a inspiração de Julio Dimov.

Entusiasmados com o sucesso dessa rica exposição, foi criada, nesse mesmo ano de 1996, uma entidade corporativa, ainda, sob a inspiração de Júlio Dimov, oportunidade em que Jorge Cocicov se propôs a elaborar um projeto de Estatuto para ela.

O projeto estatutário foi apresentado, em São Caetano do Sul-SP, na residência de Júlio Dimov, sita na rua Av. Sen. Roberto Simonsen, 537, centro, a um grupo de imigrantes e seus descendentes e com esse instrumento, em mãos e reunidos em assembleia, do dia 16-11-1996, na presença de Dr. JORGE COCICOV, brasileiro, Juiz de Direito aposentado e Advogado, CATARINA PASLAR, brasileira, Professora, VERA LÚCIA LORENZ, brasileira, Secretária, CATHARINA STOIANOV FILHA, brasileira, Secretária aposentada, MARUCIA VICTOR SANTOS, brasileira, Artista plástica, ANNA STOIANOV, brasileira, Professora, SONIA DIMOV, brasileira, Professora, NELSON GRECOV, brasileiro, Jornalista e Empresário, OLGA DIMOV ZANELATTO, brasileira, Autônoma, CATHARINA DUDUCHI, brasileira, Relações Públicas, JULIO DIMOV, romeno e naturalizado brasileiro, MARIA DIMOV, brasileira, Costureira e CARLINA M. NICOLAU, brasileira, Enfermeira.

Sob a presidência do DR. JORGE COCICOV, secretariado por CATARINA PASLAR, após discutido, adaptado e aprovado o Estatuto, que foi, posteriormente, registrado, no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas, anexo do 2º Cartório de Registro de Imóveis, da comarca de São Caetano do Sul-SP e microfilmado sob n.º 21.032, deu-se por fundada a ASSOCIAÇÃO CULTURAL DO POVO BÚLGARO NO BRASIL.

As atividades da Associação têm sido intensas no sentido de, cada vez mais, confraternizar com os seus quase quinhentos associados cadastrados, destacando-se: Comemoração do Octogésimo Aniversário da Imigração, na data de 28 de outubro de 2006, condecorando com uma medalha comemorativa os imigrantes vivos; a Exposição de Arte Eslava, pela artista plástica Ana Maria Barbosa, descendente da família Sibov, com destaque para a arte búlgara, em 2007; a Cartilha da Língua Búlgara, em português, elaborada pelo Dr. Jorge Argachoff, como primeiro passo para a implantação do seu regular ensino, sob os auspícios da Associação, registrando-se que com o falecimento desse combativo presidente, a cartilha ficou nas suas primeiras lições e o ensino foi adiado.

A Associação, na parte cultural, também, contou com a colaboração do Dr. Jorge Cocicov, na área histórico-literária, ao editar três livros que registram uma profunda investigação histórica da imigração búlgara do Brasil, ao lado dos gagaúzos, vindos na mesma época.

Os seus títulos são:

Imigração no Brasil- Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos, publicado em 2005,

Imigração – Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos- “Romenos” – Brasil-Uruguai, publicado em 2007.

Imigrantes Bessarabianos – Búlgaros e Gagaúzos (“Romenos”) Bessarábia (Moldávia) – Brasil Uruguai- 1926 / 2015, publicado no ano de 2015.

O primeiro desse estudo foi reeditado, no idioma búlgaro, pelo próprio governo da Bulgária, em 2014, sendo certo que se encontra em fase de versão para esse mesmo idioma búlgaro, o segundo livro, acima citado, para fins de publicação, em breve.

Tais publicações, além de reforçarem o elo com a Associação, tiveram o condão de, nos seus memoráveis lançamentos, reunir centenas de imigrantes e familiares, despertando-lhes a vontade e a curiosidade de voltarem-se para a sua própria história e perceberem que, no futuro, elas representarão um repositório de respostas às indagações que os seus descendentes, certamente, farão sobre suas origens. As pesquisas do Dr. Jorge Cocicov foram consagradas pela Agência Estatal para os Búlgaros no Exterior, através da seguinte manifestação de sua presidente Denitza Hristova: “A sua obra é exemplo de interesse pela memória familiar e a identidade nacional, uma vez que a ligação com os ancestrais é parte inseparável da sensação de pertencer a um grupo bem definido. É uma procura de um jeito para que cada um entendesse a sua existência, um desejo profundo de se resgatarem, através das tradições, lembranças e cartas, fatos importantes e argumentos para a evolução da vida, dos sonhos e das perspectivas.”

            Especial destaque se dá com a instituição do DIA DO IMIGRANTE BÚLGARO E GAGAÚZO, no Calendário Oficial do Município de Ubatuba-SP, consagrando o dia 18 de abril de cada ano para a reverência aos 151 imigrantes búlgaros e gagaúzos, na sua maioria crianças, falecidos na ilha Anchieta, em 1926, onde se encontravam segregados por terem se revoltado contra o tratamento dado aos imigrantes nas fazendas de café do interior de São Paulo, negando-se a seguirem para ela.

            No ano de 2017 durante o mês de junho, a Associação teve a honra de receber o Professor Nicolai Cervencov, sua esposa Maria Cervencova, a tradutora e intérprete Maya Daskalova e Vasil Dimitrov. Professor Titular da Universidade da Moldávia, Nicolau Cervencov, também descendente de búlgaros bessarabianos, veio com sua comitiva, pesquisar sobre o destino das inúmeras famílias que deixaram a Bessarábia em 1926, devido a dominação Romena. Nessa ocasião, visitaram a Fundação Pró Memória e sob orientação de Monica Iafrate, realizaram suas pesquisas.

            Outro evento, promovido pela Associação, de grande repercussão social e cultural, foi a exposição de fotos, “O MUNDO EM MOVIMENTO – IMIGRAÇÃO BÚLGARA NO BRASIL”, em 2019, na Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo-SP, cujo enorme sucesso fez com que fosse replicada, no mesmo ano, na cidade de Ubatuba-SP, em sua Biblioteca Pública Municipal e na Escola Municipal Tancredo Neves, aberta ao público, cuja afluência foi numerosa.

            Anualmente, no dia 27 de Outubro, a Associação participa, ativamente, com uma barraca de gastronomia búlgara, data em que se comemora o aniversário de fundação do Bairro de Vila Zelina,  promovido pela Associação dos Moradores e Comerciantes do Bairro de Vila Zelina – AMOVIZA., data em que, também, é consagrado ao Dia do Imigrante Leste Europeu, em homenagem àquela região, que reúne imigrantes do  Leste Europeia, moradores do bairro de Vila Prudente composto pelas Vila Bela, Vila Alpina, Quinta da Paineira, Jardim Avelino, Vila Lúcia, Vila Zelina e Parque Vila Prudente.

            Nessa data e mensalmente, a Associação participa com barracas expondo arte plástica com obras da consagrada artista plástica ANA MARIA BARBOZA (AnaMarb) e objetos artesanais de marchetaria de JOÃO COLTACCI FILHO, ambos integrantes da Associação e descendentes de búlgaros bessarabianos.

            A Diretoria da Associação promove reuniões de expediente e dos seus associados em datas festivas, bem como, mensalmente, virtuais, numa atividade constante para cumprir os seus objetivos estatutários.

            Na data de 25 de maio de 2021 a Associação fez doação do terceiro livro, de autoria de Jorge Cocicov, intitulado IMIGRANTES BESSARABIANOS-BÚLGAROS E GAGAÚZOS- “ROMENOS” - BESSARÁBIA (MOLDÁVIA) - BRASIL        URUGUAI - 1926 / 2015, com 748 páginas (texto e imagens), única edição 2015, destinado ao acervo do Museu da Imigração, a fim de completar a trilogia sobre a imigração búlgara e gagaúza do Brasil.

                   A Fundação Pró-Memória, com sede em São Caetano do Sul, recebeu, em doação, todo o acervo das pesquisas, feitas por Jorge Cocicov, que serviram de fundamento para elaboração da citada trilogia. A Associação e a Fundação assinaram em 13 de julho de 2021, uma parceria que estabelece um convênio que rege a utilização do referido material, bem a realização de eventos e publicações destinadas à divulgação da Imigração Búlgara e Gagaúza do Brasil.

As primeiras famílias que se instalaram em São Caetano do Sul na década de 1930 foram: Alavask, Butxcovar, Dimov (Revista Raízes nº 08 pág. 11 e 12) e Serchelis (Revista Raízes nº 14 pág. 44 e 45).

Hoje contamos com a atuação de um de nossos representantes, o Professor Maurílio Duduch Silva, neto de búlgaros bessarabianos, na Fundação das Artes de São Caetano do Sul, como professor de Estruturação e de Apreciação Musical e professor de flauta Transversal. Maurílio participa como flautista em dois grupos, o “Quinteto Sopro Novo” e o “Les Folies”. O primeiro faz um trabalho de música erudita e popular, com flautas e piano. Já o segundo faz um repertório de música instrumental medieval (séc. XI ao XV) para flautas, alaúde, gaita de fole e percussão.

Relacionamos as famílias, em número de núcleos familiares, que moraram e ainda moram em São Caetano do Sul e que atuaram na indústria, comércio e serviços: Alavask (3), Argachoff (3), Arnaut (2), Arabage (2), Atanasov (3),  Bolgar (3), Butxcovar (3), Cheban (2),  Chevrov (2), Conovalov (2) Constantinov (3), Delic ( 2), Dimov (3), Grecc (6), Grecov (2), Ialamov (2), Ianov (3), Ivanov (2), Ivanoff (2), Ivanof (2), Kolomietz (2), Lungov (2), Milosev (2), Paslar (2),   Petcov (2), Pipiliascov (2), Popov (2), Puliov (2), Peev (3), Staicov (3), Stainoff (3), Stoianov (3),Telpis (2),  Uzun (3).

Nos livros do Dr. Jorge Cocicov, citados anteriormente, é possível conhecer as narrativas históricas das famílias: Uzun, Coralov, Ivanov,  Atanasov,   Bolgar,   Carabadjac,    Argachoff,   Arabage,   Arnaut,   Conovalov, Petcov,  Delic,   Lungov,   Grecov,   Milosev,   Dimov, e  Stainoff. 

                   Atualmente, a Associação conta, em sua sede com livros, filmes em DVD e revistas no idioma búlgaro, objetos doados por imigrantes, bem como peças de roupas. Mantém perfil nas redes sociais Facebook como “Associação Cultural do Povo Búlgaro no Brasil – “BULGARI”, no Instagram como @povobulgaronobrasil, temos um site http://www.bulgaribrasil.org.br/ e um grupo de whatsapp onde conversamos mais proximamente com os membros. O endereço de e-mail povobulgarobrasil@gmail.com .

 

FONTES CONSULTADAS: COCICOV, Jorge. Imigração no Brasil - Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos. Ribeirão Preto (SP): Editora Legis Summa Ltda., 2005. PRAÇA, Neide de Souza. Imigrantes da Bessarábia: Jornada em terras tropicais. São Paulo: All Print Editora, 2006. POPPOV, Nikolas. Resumo histórico da imigração dos búlgaros através dos séculos. Texto Datilografado, s/d. BARRACLOUGH, Geoffrey. Atlas da História do mundo. 4ª. ed. Editado por Geoffrey Parker. Folha de S. Paulo, 1995. https://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_Bulgária/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Bessarábia https://pt.wikipedia.org/wiki/Catarina_II_da_Rússia https://www.infoescola.com/idade-media/imperio-bizantino/ https://www.infoescola.com/historia/imperio-otomano/ htpps://commons.wikimedia.org/wiki/File: Bessarabia_ethnograficalmap 1919.jpg?uselang=pt Acessos em 27 de julho de 2018. LEMOS, Vilma. Narrar para Não Esquecer (SP)

 

 

 



 

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