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HISTÓRICO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL DO POVO BÚLGARO NO BRASIL - BULGARI  
  •  Passados trinta anos da chegada dos búlgaros bessarabianos no Brasil, após várias tentativas de agregação e organização, no ano de 1956, ocorreu uma com o nome de SOCIEDADE CULTURAL BÚLGARA BESSARABIANA. Seu objetivo era o de união entre suas famílias, preservar as tradições e os costumes, promover festas típicas, convescotes, fazer palestras sobre a história e a cultura búlgara e comemorações de datas históricas, tudo com a finalidade de difundir a cultura da origem familiar e nela iniciar seus descendentes brasileiros, voltados, dessa forma, para a parte cultural e recreativa, cuja gestão deveria ser entregue aos filhos brasileiros para atender à exigência legal. Os pais dessa ideia foram os patrícios PEDRO CURALOV, PEDRO GAIDARGI, GEREMIAS DELIZOICOV, JOÃO DELIJAICOV, FELIPE JALAMOV e ZACHARIA CUSTADIN que programaram, um pic-nic, na Represa de Guarapiranga, com a finalidade de reunir as famílias, para o lançamento da ideia da fundação da entidade corporativa. A convocação foi um sucesso pois compareceram perto de trezentas pessoas originárias de vários bairros da Capital e de alguns municípios limítrofes, tais como São Caetano, Santo André e São Bernardo do Campo. Exposta a ideia da fundação da Sociedade e de seus objetivos, circulou um Livro de Ouro, a fim de angariar fundos, já que a receptividade à ideia foi unânime. O Estatuto foi elaborado e dentro dos ditames legais, a diretoria foi eleita, por aclamação de todos os presentes na reunião convocada, ainda no mesmo ano de 1 956, tendo o seu primeiro presidente na pessoa do brasileiro e advogado Dr. Jorge Argachoff. A circunstância de congregar estrangeiros, em particular de um país do leste europeu, cuja política, naquela época, tinha seu esteio no regime comunista, foi o grande obstáculo para sua legalização. O Dr. Jorge Argachoff, constantemente, era intimado para comparecer à Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS), era recebido pelo seu Diretor, Dr. Ítalo Ferrigno e submetido a um verdadeiro interrogatório policialesco, para explicar o porquê da fundação da sociedade e verdadeiramente, qual seria o objetivo que se ocultava no sugestivo nome a entremostrar uma finalidade recreativa e cultural, pois o registro civil do Estatuto dependia de uma autorização policial. Criou-se, dessa forma, um impasse, momento em que os imigrantes deliberaram pela desistência de dar seguimento à fundação oficial e regulamentar da sociedade e devolvidos foram todos os donativos arrecadados. Os imigrantes búlgaros bessarabianos, porém, eram unidos, tanto que, apesar de não estarem agrupados em uma associação oficial, organizaram, em 1957, uma recepção à Delegação de Futebol, da Bulgária, que viera ao Brasil, durante os preparativos para a Copa do Mundo, prevista para 1958. No decênio de 1980/1990, os imigrantes conservaram suas amizades e renovavam o convívio em reuniões e festas organizadas pelo casal Constantino Terzi e Vera Cherov Terzi e que aconteciam no salão paroquial da Igreja Ortodoxa, de Vila Zelina, inclusive com festiva comemoração do cinquentenário da imigração no Brasil, organizada, em 1976, por uma comissão composta por Pedro Terzi , Estefania Terzi, Pedro Curalov, Pedro Stoianov e outros. Passados setenta anos da imigração ocorrida, em 1926, Júlio Dimov, outro imigrante idealista, juntamente com sua filha, a professora Sônia Dimov, cuja família era moradora há decênios, em São Caetano do Sul-SP, conseguiram realizar a comemoração da passagem desse aniversário. Eles contaram com o estímulo da Diretora Técnica Midori Kimura Figuti, do Museu da Imigração de São Paulo e realizaram, de 16 a 31 de maio de 1996, a Exposição Histórico-Fotográfica da Imigração Búlgara no Brasil, mais propriamente, Búlgara Bessarabiana, naquele mesmo prédio, onde haviam sido recepcionados e alojados ao desembarcarem, de trem, pela primeira vez, vindos dos portos Santos-SP e do Rio de Janeiro-RJ. Foi amealhado um acervo de oitenta fotos, documentos, objetos artesanais, religiosos e de uso pessoal e a exposição foi enriquecida com dois painéis do artista plástico Antônio Peticov, descendente e dos depoimentos de vários imigrantes editados em vídeo. Painéis foram montados relatando a história e a origem dessa imigração no Brasil que fora antecedida por outra, quando as famílias moravam na Bulgária, a fim de que emigrassem para a Bessarábia, no fim do século XVIII e início do seguinte, a convite do Czar da Rússia. A esse convite aderiram, não só os búlgaros, mas também diversas populações, como de judeus, russos, alemães e gagaúzos. Rememorou-se que “eles se fixaram nessa área por diversas afinidades com os russos, entre elas a linguística (usam o mesmo alfabeto, o cirílico) e a religiosa (praticam o cristianismo ortodoxo) e por isso não perderam suas tradições. Diversos preparativos foram co-idealizados e concretizados para essa efeméride e uma delas, que desponta como documentário precioso. foi a colheita de depoimentos orais, prestados pelos imigrantes. O Setor de História Oral, do mesmo museu, captou uma série desses depoimentos, sob orientação da pesquisadora Sônia Maria de Freitas, em entrevistas com os imigrantes búlgaros bessarabianos: Maria Verchev Rascov, Ana Dimov, Vera Cherov Terzi, Constantino Terzi, Júlio Dimov, Demétrio Coev, Constantino Curalov e André Peticov. Fruto imediato dessa comemoração foi a criação de uma entidade corporativa, mais uma vez sob a inspiração de Julio Dimov. Entusiasmados com o sucesso dessa rica exposição, foi criada, nesse mesmo ano de 1996, uma entidade corporativa, ainda, sob a inspiração de Júlio Dimov, oportunidade em que Jorge Cocicov se propôs a elaborar um projeto de Estatuto para ela. O projeto estatutário foi apresentado, em São Caetano do Sul-SP, na residência de Júlio Dimov, sita na rua Av. Sen. Roberto Simonsen, 537, centro, a um grupo de imigrantes e seus descendentes e com esse instrumento, em mãos e reunidos em assembleia, do dia 16-11-1996, na presença de Dr. JORGE COCICOV, brasileiro, Juiz de Direito aposentado e Advogado, CATARINA PASLAR, brasileira, Professora, VERA LÚCIA LORENZ, brasileira, Secretária, CATHARINA STOIANOV FILHA, brasileira, Secretária aposentada, MARUCIA VICTOR SANTOS, brasileira, Artista plástica, ANNA STOIANOV, brasileira, Professora, SONIA DIMOV, brasileira, Professora, NELSON GRECOV, brasileiro, Jornalista e Empresário, OLGA DIMOV ZANELATTO, brasileira, Autônoma, CATHARINA DUDUCHI, brasileira, Relações Públicas, JULIO DIMOV, romeno e naturalizado brasileiro, MARIA DIMOV, brasileira, Costureira e CARLINA M. NICOLAU, brasileira, Enfermeira. Sob a presidência do DR. JORGE COCICOV, secretariado por CATARINA PASLAR, após discutido, adaptado e aprovado o Estatuto, que foi, posteriormente, registrado, no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas, anexo do 2º Cartório de Registro de Imóveis, da comarca de São Caetano do Sul-SP e microfilmado sob n.º 21.032, deu-se por fundada a ASSOCIAÇÃO CULTURAL DO POVO BÚLGARO NO BRASIL. As atividades da Associação têm sido intensas no sentido de, cada vez mais, confraternizar com os seus quase quinhentos associados cadastrados, destacando-se: Comemoração do Octogésimo Aniversário da Imigração, na data de 28 de outubro de 2006, condecorando com uma medalha comemorativa os imigrantes vivos; a Exposição de Arte Eslava, pela artista plástica Ana Maria Barbosa, descendente da família Sibov, com destaque para a arte búlgara, em 2007; a Cartilha da Língua Búlgara, em português, elaborada pelo Dr. Jorge Argachoff, como primeiro passo para a implantação do seu regular ensino, sob os auspícios da Associação, registrando-se que com o falecimento desse combativo presidente, a cartilha ficou nas suas primeiras lições e o ensino foi adiado. A Associação, na parte cultural, também, contou com a colaboração do Dr. Jorge Cocicov, na área histórico-literária, ao editar três livros que registram uma profunda investigação histórica da imigração búlgara do Brasil, ao lado dos gagaúzos, vindos na mesma época. Os seus títulos são: Imigração no Brasil- Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos, editado em 2005, Imigração – Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos- “Romenos” – Brasil-Uruguai, publicado em 2007. Imigrantes Bessarabianos – Búlgaros e Gagaúzos (“Romenos”) Bessarábia (Moldávia) – Brasil Uruguai- 1926 / 2015, publicado no ano de 2015. O primeiro desse estudo foi reeditado, no idioma búlgaro, pelo próprio governo da Bulgária, em 2014, sendo certo que se encontra em fase de versão para esse mesmo idioma búlgaro, o segundo livro, acima citado, para fins de publicação, em breve. Tais publicações, além de reforçarem o elo com a Associação, tiveram o condão de, nos seus memoráveis lançamentos, reunir centenas de imigrantes e familiares, despertando-lhes a vontade e a curiosidade de voltarem-se para a sua própria história e perceberem que, no futuro, elas representarão um repositório de respostas às indagações que os seus descendentes, certamente, farão sobre suas origens. As pesquisas do Dr. Jorge Cocicov foram consagradas pela Agência Estatal para os Búlgaros no Exterior, através da seguinte manifestação de sua presidente Denitza Hristova: “A sua obra é exemplo de interesse pela memória familiar e a identidade nacional, uma vez que a ligação com os ancestrais é parte inseparável da sensação de pertencer a um grupo bem definido. É uma procura de um jeito para que cada um entendesse a sua existência, um desejo profundo de se resgatarem, através das tradições, lembranças e cartas, fatos importantes e argumentos para a evolução da vida, dos sonhos e das perspectivas.” Especial destaque se dá com a instituição do DIA DO IMIGRANTE BÚLGARO E GAGAÚZO, no Calendário Oficial do Município de Ubatuba-SP, consagrando o dia 18 de abril de cada ano para a reverência aos 151 imigrantes búlgaros e gagaúzos, na sua maioria crianças, falecidos na ilha Anchieta, em 1926, onde se encontravam segregados por terem se revoltado contra o tratamento dado aos imigrantes nas fazendas de café do interior de São Paulo, negando-se a seguirem para ela. No ano de 2017 durante o mês de junho, a Associação teve a honra de receber o Professor Nicolai Cervencov, sua esposa Maria Cervencova, a tradutora e intérprete Maya Daskalova e Vasil Dimitrov. Professor Titular da Universidade da Moldávia, Nicolau Cervencov, também descendente de búlgaros bessarabianos, veio com sua comitiva, pesquisar sobre o destino das inúmeras famílias que deixaram a Bessarábia em 1926, devido a dominação Romena. Nessa ocasião, visitaram a Fundação Pró Memória e sob orientação de Monica Iafrate, realizaram suas pesquisas. Outro evento, promovido pela Associação, de grande repercussão social e cultural, foi a exposição de fotos, “O MUNDO EM MOVIMENTO – IMIGRAÇÃO BÚLGARA NO BRASIL”, em 2019, na Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo-SP, cujo enorme sucesso fez com que fosse replicada, no mesmo ano, na cidade de Ubatuba-SP, em sua Biblioteca Pública Municipal e na Escola Municipal Tancredo Neves, aberta ao público, cuja afluência foi numerosa. Em 04 de Dezembro de 2022 a Presidente da Associação, Sonia Dimov, juntamente com Roseli Stainoff, Walther e Célio “Filhos da Ilha”, Leni Dimitrov e Vilma Lemos realizaram uma visita Técnica ao Parque Estadual da Ilha Anchieta, com a finalidade de reverenciar a memória dos 151 búlgaros e gagaúsos falecidos na Ilha em virtude de lá estarem amotinados por 100 dias, conforme fielmente relatado no livro de Jorge Cocicov “Castigo e Morte” de 2019.  Anualmente, no dia 27 de Outubro, a Associação participa, ativamente, com uma barraca de gastronomia búlgara, data em que se comemora o aniversário de fundação do Bairro de Vila Zelina, promovido pela Associação dos Moradores e Comerciantes do Bairro de Vila Zelina – AMOVIZA., data em que, também, é consagrado ao Dia do Imigrante Leste Europeu, em homenagem àquela região, que reúne imigrantes do Leste Europeia, moradores do bairro de Vila Prudente composto pelas Vila Bela, Vila Alpina, Quinta da Paineira, Jardim Avelino, Vila Lúcia, Vila Zelina e Parque Vila Prudente. Nessa data e mensalmente, a Associação participa com barracas expondo arte plástica com obras da consagrada artista plástica ANA MARIA BARBOZA (AnaMarb) e objetos artesanais de marchetaria de JOÃO COLTACCI FILHO, ambos integrantes da Associação e descendentes de búlgaros bessarabianos. A Diretoria da Associação promove reuniões de expediente e dos seus associados em datas festivas, bem como, mensalmente, virtuais, numa atividade constante para cumprir os seus objetivos estatutários. Na data de 25 de maio de 2021 a Associação fez doação do terceiro livro, de autoria de Jorge Cocicov, intitulado IMIGRANTES BESSARABIANOS-BÚLGAROS E GAGAÚZOS- “ROMENOS” - BESSARÁBIA (MOLDÁVIA) - BRASIL URUGUAI - 1926 / 2015, com 748 páginas (texto e imagens), única edição 2015, destinado ao acervo do Museu da Imigração, a fim de completar a trilogia sobre a imigração búlgara e gagaúza do Brasil. A Fundação Pró-Memória, com sede em São Caetano do Sul, recebeu, em doação, todo o acervo das pesquisas, feitas por Jorge Cocicov, que serviram de fundamento para elaboração da citada trilogia. A Associação e a Fundação assinaram em 13 de julho de 2021, uma parceria que estabelece um convênio que rege a utilização do referido material, bem a realização de eventos e publicações destinadas à divulgação da Imigração Búlgara e Gagaúza do Brasil. Atualmente, a Associação conta, em sua sede com livros e revistas no idioma búlgaro, objetos doados por imigrantes, bem como peças de roupas, entre outras coisas. Mantém perfil nas redes sociais Facebook como “Associação Cultural do Povo Búlgaro no Brasil – “BULGARI”, no Instagram como @povobulgaronobrasil, temos um site http://www.bulgaribrasil.org.br/ e um grupo de whatsapp onde conversamos mais proximamente com os membros. O endereço de e-mail povobulgarobrasil@gmail.com

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